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- Title
Acidente ofídico em equino.
- Authors
Moura da Silva, Camila; de Fraipont Castañon, João; Karoline Moura, Heloá; Pereira Soares, Jessie; Marcelo Oliveira, Tiago; Arantes Baccarin, Raquel Yvonne; Bargi Belli, Carla
- Abstract
No Brasil existem mais de 400 espécies de serpentes, mas apenas duas famílias (Elapidae e Viperidae) são responsáveis por graves acidentes em humanos e animais. A ocorrência dos mesmos na espécie equina é frequente em propriedades rurais, em situações de regime extensivo ou semi-extensivo. Foi encaminhada ao Hospital Veterinário da Universidade de São Paulo, uma égua Mangalarga, 4 anos, apresentando edema difuso em membro torácico direito, intensa epistaxe e petéquias em pele e mucosas. À anamnese, relatou-se ocorrência de jararaca (Bothrops jararaca) na região em que o animal é mantido (Cotia/SP). A paciente foi encontrada deitada no pasto e necessitou de auxílio para assumir a posição quadrupedal, notando-se importante restrição à movimentação. Na admissão, a égua estava alerta, com pequena ferida em região de III metacarpiano direito, sugerindo o local da picada. Ao exame físico, verificouse taquicardia, taquipneia e hipomotilidade intestinal. Os exames laboratoriais evidenciaram leucocitose por neutrofilia, trombocitopenia, aumento dos valores de ureia, creatinina, AST, CK e importante alteração no perfil de coagulação (tempo de protrombina de 52,3 segundos e tempo de tromboplastina parcial ativada de 7,2 segundos). Em relação à terapia, iniciou-se fluidoterapia com Ringer Lactato, soro antiofídico polivalente (4 unidades, IV, dose única), ácido tranêxamico (20 mg/kg, BID, IV, 4 dias), dexametasona (0,05mg/kg, SID, IV, 7 dias), ceftiofur (5 mg/kg, SID, IV, 12 dias), omeprazol (4,4 g/kg, SID, VO), soro antitetânico (5.000UI, IM, dose única) e transfusão de sangue total. Iniciou-se também crioterapia preventiva para laminite. Após os três primeiros dias, com monitoramento intensivo, notou-se progressão positiva (clínica e laboratorial), optando-se pelo reajuste no protocolo, com administração de flunixin meglumine (0,25 mg/kg, TID, IM, 7 dias), fenilbutazona (4,4 mg/kg, SID, IV, 13 dias), Hemolitan® (20 ml, SID, VO, 6 dias) e relaxante muscular à base de metocarbamol - Descontrax® (10 mg/kg, SID, IV, 5 dias) devido à dor e contração muscular apresentada, além de alternativas para o manejo da ferida (bagging de ozônio e campo magnético pulsátil). A paciente ficou internada 36 dias e teve uma resposta positiva aos protocolos adotados. Contudo, no terço final de sua internação, já em remissão e normalização do quadro de edema, necrose cutânea, alteração de coagulação etc., apresentou quadro neurológico agudo. Houve suspeita de acidente vascular cerebral que até o momento não pôde ser confirmado. Mas o decúbito prolongado, associado à incapacidade de levantar sem auxílio, levou à indicação de eutanásia. O veneno botrópico é constituído por substâncias vasoativas com ação proteolítica, hemorrágica e nefrotóxica. À semelhança do que se viu no caso relatado, tais substâncias desencadeiam edema, hemorragia, necrose e dor. O diagnóstico precoce e o tratamento imediato e estratégico são fatores decisivos para a progressão satisfatória. É importante lembrar, porém, que complicações inesperadas podem ocorrer, alterando o desfecho do caso.
- Publication
Revista Academica Ciencia Animal, 2022, Vol 20, p191
- ISSN
2596-2868
- Publication type
Article