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- Title
Meningite bacteriana por Enterococcus sp. em equino adulto.
- Authors
de Brito Uehara, Lethicia Sayuri; de Paula Schmitt, Fernanda; Calixto de Almeida, Karina; Felicio da Silva, Nathalia; Manara Caceres, Amanda; Arantes Baccarin, Raquel Yvonne; Bargi Belli, Carla
- Abstract
Este trabalho relata um caso de meningite bacteriana em um equino atendido no Hospital Veterinário da FMVZ-USP. A meningite bacteriana é raramente relatada em equinos adultos e comumente é causada por Streptococcus spp. e E.coli. O prognóstico é mau, com óbito na maior parte dos casos. Uma égua American Trotter, de 8 anos, foi atendida com queixa de perda de peso progressiva e ataxia havia 15 dias. Relatou-se que a égua teve contato com herbicida (Roundup®) e roedores havia um mês. Cinco dias depois, apresentou urina de coloração escura e hiporexia e foi instituída antibioticoterapia por veterinário particular. Ao final do tratamento, a urina normalizou-se, porém iniciou com um quadro de ataxia. A égua era mantida em regime semiestabulado e não era vacinada. No exame físico, observou-se apatia, ECC 2/5, TPC de 3", mucosas congestas com halo hiperêmico, 35,3℃ de temperatura corpórea com hematócrito de 48% e 8,0 g/dL de proteína sérica. No hospital teve vários episódios de queda com nistagmo e pedalagem, que foram manejados com infusão de detomidina e cetamina. Observou-se momentos de demência com cegueira central, head tilt intermitente e diminuição de tônus da cauda e língua. Como terapia de suporte, realizou-se fluidoterapia, infusão de DMSO, flunixin e cimetidina. Nos exames hematológicos foi observada leucocitose por neutrofilia com uma cruz de neutrófilos tóxicos. Realizou-se coleta de líquor por punção lombossacral, sendo observada xantocromia e turbidez com 0,29 mg/dL de proteína total, glicose de 30,5 mg/dL (glicemia = 115,3mg/dL) e pleocitose de 334 leucócitos/μL, sendo 14,1% polimorfonucleares (referência: 0 a 48 céls/μL e 100% mononucleares). A cultura bacteriana resultou em crescimento de Enterococcus sp., um agente raramente isolado em casos de meningite bacteriana. Antes do resultado dos exames, iniciou-se antibioticoterapia com ceftiofur 5 mg/kg SID. Três dias depois, com pouca melhora clínica e ainda sem resultado da cultura, associouse o metronidazol 1,6 mg/kg TID, sendo um protocolo comum na medicina humana, com boa penetração na barreira hematoencefálica e cobertura de amplo espectro. A partir de então, a égua ficava em estação apenas com auxílio de talha. Houve uma grave piora das manifestações neurológicas, com perda de reflexo de deglutição e pouca resposta à sedação. A eutanásia foi realizada no sexto dia de internação. Na necrópsia, observou-se intenso edema cerebral com meninges espessas de aspecto opalescente e aderidas ao cérebro, achados comuns em casos de meningite bacteriana. Não foi localizada uma possível origem para a afecção. Acredita-se que a paciente não tenha sobrevivido devido ao início tardio da terapia antimicrobiana. Este caso se mostrou atípico por conta da idade do animal e agente isolado. Conclui-se que o diagnóstico dessa doença é incomum e complexo devido aos sinais inespecíficos e dificuldade no isolamento do agente etiológico, mas deve-se lembrar de incluí-la sempre nos diferenciais das afecções encefálicas.
- Publication
Revista Academica Ciencia Animal, 2023, Vol 21, p245
- ISSN
2596-2868
- Publication type
Article