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- Title
INFECÇÕES URINÁRIAS, ABORTOS E GRUPOS ETÁRIOS: UMA ANÁLISE DAS GESTANTES EM DOIS BAIRROS DO MUNICÍPIO DE CHAPECÓ E DO ESTADO DE SANTA CATARINA.
- Authors
VICARI, GABRIELA; MENEGATTI, MARIANA; ENGEL, FRANCIELLY; BARIMACKER, SAIONARA; DOS SANTOS, ANA CRISTINA; KORB, ARNILDO
- Abstract
Introdução: A equipe de enfermagem é uma grande protagonista na saúde materna. Ela avalia a necessidade de cada usuária, desenhando o plano de cuidados através do pré-natal que tem por objetivo nortear o desenvolvimento da gestação para que esta transcorra de maneira tranquila proporcionando um parto e um recém-nascido saudáveis, além de identificar as gestantes de risco1. A gestação é um processo fisiológico e sua evolução se dá, na maior parte dos casos, sem intercorrências. Entretanto, uma parcela das gestantes pode sofrer complicações, por vezes decorrentes da idade. Condições individuais desfavoráveis incluem idade materna maior que 35 anos ou inferior aos 15 anos de idade e gestação em mulheres quando menarca há menos de dois anos. A adolescência não é um fator de risco para a gestação, todavia, aspectos como aceitação, riscos psicológicos, nível socioeducacional e socioeconômicos podem afetar a condição de manter a gestação bem como de cuidado com a criança nascida2. Já gestações em mulheres acima dos 35 anos de idade apresentam riscos, tanto para a mãe, quando para a criança como baixo peso ao nascer, anomalias, crises hipertensivas e ruptura prematura de membranas e por fim, abortos espontâneos3. Devido à alteração anatômica da mulher durante a gestação, elas podem ser consideradas como um grupo vulnerável a algumas doenças, como as infecções do trato urinário (ITU). As ITUs são caracterizadas como a colonização do trato urinário, alto ou baixo, por microrganismos, geralmente bactérias que causam infecções assintomáticas ou sintomáticas, apresentando a tríade disúria, urgência miccional e polaciúria. Fatores de riscos socioambientais também podem desencadear ITUs, entre eles os hábitos de higiene, hábitos sexuais, escolaridade, idade e características genéticas. Durante a gestação o quadro clínico resultante da ITU merece atenção e cuidado, pois as complicações podem induzir a trabalho de parto prematuro e aborto. Se tratando de aborto espontâneo, possivelmente causado pela presença de infecção, este caracteriza-se como um problema de saúde publica4. Objetivos: Identificar o grupo etário, incidência de ITU e abortos em gestantes do bairro Efapi e do São Pedro e compará-los com as taxas do município de Chapecó e do Estado de Santa Catarina. Metodologia: Trata-se de um estudo epidemiológico analítico de delineamento ecológico. Essa metodologia é responsável por compreender a incidência de determinada condição de saúde em sujeitos de um grupo, e sua expressão coletiva do fenômeno5. Para este estudo foram levantados os seguintes números na base de dados D AT ASUS: O município de Chapecó apresentou 999 gestantes entre os meses de agosto a novembro de 2014, e o Estado de Santa Catarina 28.813. A coleta dos dados deu-se por intermédio das enfermeiras das Unidades Básicas dos bairros Efapi e São Pedro da cidade de Chapecó responsáveis pelo cadastramento das gestantes no SisPré-natal, apresentação da pesquisa e coleta das assinaturas nos Termos de Consentimento Livre e Esclarecido. Posteriormente o acesso aos prontuários das gestantes cadastradas entre os meses de agosto a novembro de 2015, pelas acadêmicas pesquisadoras. Os dados disponíveis no DATASUS, utilizados para comparação dos dados, são preliminares e correspondem ao ano de 2014. Foram três variáveis analisadas: a primeira corresponde a faixa etária ((A)10 a 19 anos, (B)20 a 34 anos, (C)35 ou mais), a segunda, a ocorrência de Infecções do Trato Urinário no período de acompanhamento, e a terceira, os casos de aborto já relatados no prontuário. Para todos os dados foram estabelecidas taxas de incidência (sendo utilizado no numerador o número de casos dividido pelo denominado representado pelo número total de gestantes no local, multiplicado por 100 mil). Resultados: O número de gestantes que aceitaram participar da pesquisa no bairro Efapi e no bairro São Pedro no período de agosto a novembro, foram 58 e 35, respectivamente. No bairro Efapi, compõe a amostra da faixa etária A 13(22,4%) gestantes (entre essas uma com menos de 15 anos), na B 39(67,2%)gestantes e na C 6(10,3%) gestantes; no bairro São Pedro, integram a faixa etária A 6(17,1%) gestantes, a B 26 (74,2%) gestantes e a C 3(8,6%) gestantes. A incidência de gestantes por faixa etária do bairro Efapi nos grupos A, B e C foram 22414, 67241, 10345, respectivamente; e no bairro São Pedro 17143, 74285 e 8571, respectivamente. Neste período, no município de Chapecó, houve 999 gestantes, sendo os valores de incidência desses grupos de faixa etária: A 14714(14,7%), B 70470(70,4%) e C 14814(14,8%). No Estado de Santa Catarina, o número de gestantes foi de 28813 e as incidências de A 14764(14,7%), B 71596(71,5%) e C13636(13,6%). A média de idade no bairro Efapi foi 25,2 anos e no bairro São Pedro 25,7 anos. Quanto a ocorrência de ITU durante o período, acompanhado o número de casos, foi igual para os dois bairros (10 gestantes), correspondente a uma incidência de 17241(17,2%) no bairro Efapi e 28571(28,5%) no bairro São Pedro. Quanto a ocorrência de abortos, foram registrados até o momento quatro abortos, representados pela incidência de 6897 no Bairro Efapi, onde a média de idade dessas gestantes foi de 21,5 anos. Duas gestantes do grupo de faixa etária A e duas gestantes do grupo B; e cinco abortos, representados pela incidência de 14285,71 no bairro São Pedro, onde a média de idade das gestantes foi de 25,6 anos, duas gestantes do grupo de faixa etária A, duas do grupo B e uma do grupo C. Foi possível identificar que Chapecó e Santa Catarina possuem incidências de gestantes em grupos de faixas etárias muito semelhantes. Os bairros Efapi e São Pedro apresentam disparidade de apenas 5% quanto a incidência de gestações na faixa etária com gestantes de 10 a 19 anos, maior no bairro Efapi, porém essa situação se altera quando apresentada a faixa etária com gestantes de 20 a 35 anos, maior em 7% no bairro São Pedro. Na faixa etária C a diferença entre os dois locais não atingiu 2%, porém foi maior no bairro Efapi. Para as idades maternas que indicam condições desfavoráveis para a gestação, menos de 15 anos e mais de 35 anos, teve-se 12% (1,7% com menos de 15 e 10,3 com mais de 35) das gestantes do bairro Efapi. Porém, no bairro São Pedro esse percentual chegou a 8,5% em mulheres com mais de 35 anos. Essas gestantes são precisam ser alvos de atenção especial das equipes de saúde. Nos resultados de Chapecó e Santa Catarina, percebe-se que os indicadores são muito semelhantes, porém, ao serem comparados os dados, com os dos bairros estudados, percebe-se distanciamentos quanto a incidência de gestações em mulheres com idade entre 10 e 19 anos no bairro Efapi onde são 8% maiores. A segunda diferença é no percentual, mais significativa na faixa de idade maior que 35 anos, onde Chapecó tem 6% e Santa Catarina 5%. Esses dados são maiores do que os achados no bairro São Pedro. Ao averiguarmos as taxas de aborto, obteve-se como resultado, 7% maiores no bairro São Pedro. Quanto a ocorrência de ITUs, o bairro São Pedro se sobressaiu ao bairro Efapi, com 11% a mais de casos. Conclusão: Situações como os casos de gravidez na adolescência demonstram a necessidade de intervenções voltadas a essa faixa etária por ações vinculadas entre atenção básica e instituições de ensino. A existência de gestantes em idade considerada de risco reforça a necessidade da aproximação das ações de saúde com as mulheres da comunidade atentando aos fatores de risco reais e potenciais para o curso das gestações. Os casos de aborto chamam atenção por serem maiores no bairro São Pedro e sinalizam uma área que merece atenção dos profissionais de saúde acerca das causas e ações a serem desenvolvidas nesse local. Todos os indicadores analisados são de fundamental importância para a assistência em enfermagem por fornecerem bases de análise e discussão para o desenvolvimento de ações em saúde que visam os grupos de gestantes nas situações de vulnerabilidade por faixa etária.
- Publication
Brazilian Journal of Surgery & Clinical Research, 2016, Vol 15, Issue 4, p46
- ISSN
2317-4404
- Publication type
Article