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- Title
Complicações relacionadas à obstrução esofágica.
- Authors
Luiza de Oliveira, Gabriela; Lemos Rezende, Ana Laura; dos Santos Oliveira, Brenda Valéria; Verde Salazar, Diana Villa; Feliciano Faria, Fernanda; Rodrigues Borba, Karin Elisabeth; Alves Ferreira, Marília; Salles Brito, Pedro Henrique; da Cunha, Reginaldo; Sampaio Dória, Renata Gebara; Romero Corrêa, Rodrigo; Peres Mendes, Rubens
- Abstract
A obstrução esofágica é uma afecção de rotina na clínica de equinos, sendo a obstrução intraluminal por alimentos a mais comum. Caracteriza-se como emergência de tratamento clínico e, por vezes, cirúrgico, dependendo da porção afetada. O tempo de resolução é importante para o prognóstico do paciente, podendo acarretar complicações como divertículo esofágico e perfuração esofágica. O divertículo esofágico secundário à obstrução resulta de debilidade pós-traumática e defeito na camada muscular esofágica. A perfuração esofágica pode decorrer da lesão tecidual e necrose da mucosa do esôfago pela pressão exercida pelo acúmulo de alimento local. Foi encaminhado à Unidade Didática Clínico Hospitalar de Medicina Veterinária (UDCH) da FZEA-USP um equino Mangalarga Marchador, macho, de 6 anos, pesando 330 kg, com histórico de ingestão de farelo de arroz, apresentando havia dois dias sialorreia, tosse e disfagia. Em atendimento por veterinário externo foram feitas duas tentativas de sondagem nasogástrica, sem sucesso. A inspeção do paciente evidenciou sialorreia, tosse, disfagia e retorno de alimento e água pelas narinas. Ao exame físico, o animal apresentou taquicardia (52 bpm), taquipneia (60 mpm), mucosa congesta com presença de halo e desidratação leve. Constatou-se aumento de volume no lado esquerdo e ventral do pescoço, local de resistência durante a sondagem nasogástrica, sem sucesso de progressão ao estômago. Optou-se pela radiografia contrastada com sulfato de bário, visualizando divertículo esofágico na transição da porção esofágica cervical para a torácica. Indicou-se a esofagoscopia realizada em parceria com o Centro de Odontologia Equina da FMVZ/USP. A esofagoscopia foi realizada sob sedação com detomidina (15 µg/kg) e utilizou-se Buscofin® (25 mg/kg) para reduzir a contração da musculatura lisa. Foi possível visualizar área de dilatação esofágica na transição cervical para torácica, compatível com divertículo observado previamente. Foram encontradas diversas lesões na mucosa esofágica, áreas de necrose e presença de massa alimentar obstruindo o lúmen esofágico. Realizou-se sondagem nasogástrica guiada por endoscópio e diversas tentativas de desobstrução por lavagem com pressão e passagem de haste de metal para perfurar a compactação, todas sem sucesso. O animal apresentou desconforto, optandose pela anestesia geral inalatória para prosseguir o procedimento. Após várias manobras, a obstrução foi desfeita e o animal destinado à recuperação anestésica. No pós-operatório apresentou desconforto, dispneia e parada cardiorrespiratória, vindo a óbito. Na necrópsia foi observado líquido livre na cavidade torácica, dilatação esofágica (divertículo) e área de necrose com ruptura da parede esofágica compatível com o local da obstrução. Supôe-se que a obstrução ocorreu primeiramente na área de transição esofágica cervical para torácica, sendo deslocada caudalmente na tentativa de sondagem por veterinário externo, resultando na formação de um divertículo. A ruptura esofágica provavelmente ocorreu durante o procedimento de desobstrução no hospital, devido às diversas manobras e à necrose local, promovida pelo longo tempo decorrido desde a obstrução até sua resolução. Concluiu-se que o tempo de evolução e o tratamento correto são essenciais na resolução das obstruções esofágicas, influenciando o prognóstico do paciente e o surgimento de complicações.
- Publication
Revista Academica Ciencia Animal, 2022, Vol 20, p220
- ISSN
2596-2868
- Publication type
Article