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- Title
Hipoglicemia, hiporexia e perda de peso relacionados a tumores em cavalos.
- Authors
Silva Campos, Gabriela; Azevedo Nadruz, Veridiana; do Prado Vendruscolo, Cynthia; Speranza Baptista, Rafaela; Laguna Legorreta, Guillermo G.; Rodrigues Agreste, Fernanda
- Abstract
Neoplasia em órgãos abdominais é incomum em cavalos e tem sido associada à perda de peso, letargia, cólica e febre intermitente. Tumores hepáticos primários são raros, havendo relatos de colangiocarcinoma isolado ou associado ao carcinoma hepatocelular em adultos. As síndromes paraneoplásicas são processos patofisiológicos que podem causar alterações no sistema imune, induzidas pelos tumores malignos, produzindo em consequência substâncias (hormônios, peptídeos e citocinas) que afetam vários órgãos e sistemas. Os sinais clínicos são inespecíficos: febre, caquexia e hipoglicemia. O objetivo deste relato é associar sinais clínicos apresentados no caso a uma possível neoplasia. A hipoglicemia é rara em cavalos adultos e não há associação com condições específicas. Pode ser, contudo, manifestação da síndrome paraneoplásica, reportada em cavalos diagnosticados com carcinomas renal e hepatocelular e mesoteliomas, e ainda associada a tumores de células tipo non-islet. Uma égua, SRD, 18 anos, apresentou letargia, perda de peso repentina e hiporexia havia uma semana. Relatou-se que o animal urinava e defecava normalmente, além de estar com a vacinação e vermifugação em dia. Ao exame clínico, o animal apresentou frequência cardíaca de 40 bpm, frequência respiratória de 20 mpm, abdômen distendido, motilidade em todos os quadrantes e gás na ausculta, mucosas oral e ocular róseas, mucosa vulvar levemente ictérica, tempo de preenchimento capilar de 2 segundos e temperatura de 37,2 °C. Instituiu-se tratamento com fluidoterapia (ringer lactato e glicose a 5%) com a adição de cálcio e sorbitol. Amostras de sangue foram coletadas e demonstraram alterações como lipemia, aumento da proteína plasmática (9 g/dL), das enzimas hepáticas (ALT 50 U/L, AST 586 U/L) e da bilirrubina total (2,6 mg/dl), além da amostra ser positiva para piroplasmose. A glicemia foi aferida através de kit portátil de glicemia para humanos com gotícula de sangue, estando entre 46-66mg/dL (em jejum e antes da fluidoterapia) e 117 mg/dL (após fluidoterapia com glicose 5%). Após nova avaliação, o animal apresentou febre (40,1 °C), ataxia de membros pélvicos, mucosas hiperêmicas e frequência cardíaca de 60 bpm. No ultrassom transabdominal, notou-se a presença de formações nodulares em rim direito, fígado e baço, aumento da quantidade de líquido peritoneal e efusão pleural. A paracentese abdominal revelou líquido sanguinolento e turvo. A avaliação citológica do líquido peritoneal apresentou células atípicas com características neoplásicas e núcleo desorganizado, células inflamatórias mononucleares e macrófagos, denotando inflamação crônica como resposta imunológica. Baseando-se na evolução do caso e no grave prognóstico, o animal foi eutanasiado. Os exames de necropsia e histopatológico dos órgãos afetados não foram realizados. A não realização da necropsia e exame histopatológico impediu a identificação do tipo de neoplasia e sua origem. Os sinais clínicos, resultados dos exames laboratoriais e achados ultrassonográficos são semelhantes a casos de neoplasia hepática já relatados, sugerindo doença neoplásica de origem hepática, porém sem confirmação histopatólogica. A hipoglicemia foi o achado que mais levantou suspeita para um diagnóstico de neoplasia, podendo, neste relato, ser associada à disfunção hepática ou presença da síndrome paraneoplásica.
- Publication
Revista Academica Ciencia Animal, 2022, Vol 20, p267
- ISSN
2596-2868
- Publication type
Article